sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Tempo

Nunca sei se é maldição ou se é benção.
Tão relativo a passar irreversivelmente. Não que ele seja o culpado de tudo, mas as decisões ruins são todas tomadas nele. Hesitações, ressacas, inconsequências. Tudo o que dá errado: no passado. Até aquele cabelo, o jeito de andar e falar; estranhos. Os papos repetidos, as piadas prontas, os passos marcados. Passados.

Mas as risadas, as alegrias. O tempo que não volta. Vivemos esperando dias melhores, não dias que realmente sejam melhores que hoje, mas que lembrem os bons dias do ontem. As boas risadas, as toneladas de tempo livre sem dinheiro. E quando existia era pouco, reservado a bebidas, que viravam histórias, fotos, recordações, momentos. Que não voltam.

Continuo sem saber se o tempo é meu maior aliado ou um grande inimigo. Mas continuo com a certeza de que, graças a Deus, ele passa. Mesmo quando perdemos algo, outro melhor pode surgir no futuro. O que é ruim, passamos para alguém que saiba aproveitar melhor, e o que é bom fica. Mas o que é melhor, compartilhamos, apresentamos novos amigos a velhos amigos, velhas brincadeiras para novas rodas, velhas piadas para novos ouvidos, boas companhias para todas as horas antigas e novas.

Se ainda tem uma avó, liguem para ela. Liguem para alguém que vocês gostem mas que mora longe. Nada de mensagem na porra no what's up e nem cutucada no caralho do facebook. Matem a saudade, digam as novidades, lembrem as pessoas que vocês amam que nada mudou. Os dias passaram, os empregos mudaram, os salários e os horários. Os fins de semana podem não estar tão livres assim, pode ter começado uma terceira guerra mundial ou o Vasco pode voltar a dar orgulho a nós, seus torcedores. Mas o amor e o carinho que se tem por quem se ama, continua lá, cada dia mais forte e esquecido. Tire a poeira dele, faça uma coisa boa para você enquanto faz algo de bom para alguém.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Invagaçoes

Sempre me achei muito forte, que saberia cuidar de mim mesmo,e que não preciso de ninguém. Mas, o panorama mudou; eu cresci, evolui e comecei a me entender um pouco. Estou longe de chegar ao nível de auto consciência que almejo, mas sinto falta de algo, algo com o que eu pudesse contar para as horas difíceis, horas essas que sempre pensei que seria capaz de lidar tão facilmente no modo solo.

Não sei, pareço só nesse universo com tenta gente. Evito criar vínculos, responsabilidades, compromissos. Boto a culpa em mim, na minha falta de forma física e em meus assuntos -batidos e chatos-; sinto-me vulnerável e por medo nunca me abri para ninguém, nos momentos de fraqueza já aconteceu, mas nada voluntário e nem agradável. Afasto aqueles que tenho chance de gostar de verdade por reflexo e estabeleço barreiras entre eu e meus amigo e familiares para continuar a ser eu.

Talvez também seja apenas falta de vontade. Mas a falta de ter alguém para dividir os acontecimentos inúteis e banais é o que me mata. Conversar com alguém que sinceramente não queira responder um sonoro foda-se( como eu adoro fazer) para o que eu venha a pensar sobre o tempo ou o sinal fechado.
Mesmo assim, eles dizem que só preciso encontrar a pessoa certa. Mas não é tão simples assim, como posso me prestar em prol de outra pessoa tão profundamente, de forma tão completa, de me dar sem querer receber, se nem me conheço.

Como posso amar sem me amar? Parece tão comum nos dias de hoje, relações cheias de paixão, mas vazias de amor. Fogo que acende e apaga tão rápido como uma ejaculação precoce. Quero me gostar mais antes de tudo, entender minhas responsabilidades para não usar os outros de cabide para meus problemas.

E não digam que não sei o que é amar, seus filhos da puta. Amo sim, posso não fuder toda a noite com a mesma pessoa, e nem com pessoas diferentes. Mas amo. Amo o que me tornei, amo o que sou, posso não me amar em tamanha amplitude ainda, mas gosto mais de mim hoje do que ontem, pensamentos como ~eu me odeio~ já não habitam mais minha mente. Amo meus prazeres, de conversas descompromissadas pelo computador, tweets insanos, risos e alegrias.

Amo com fervor meus pais, meus irmãos, meus amigos, meus gatos. Posso não recuperar minhas memórias de um passado que não volta. Se eu vivesse tudo de novo, e pudesse ter escolhido diferente, escolheria. Sinceramente, não aconteceria nada diferente, eu ainda era como era, e tudo que aconteceu( entre decisões boas, ruins e péssimas) me trouxe para onde estou hoje.

Posso não ser feliz como alguns, e posso não ser triste como outros. Posso não saber dançar, cantar, escrever, rir ou chorar. Mas não desisti. E se desisti, não tive coragem de dar o passo em direção a morte. Quer saber? Qualquer dia publico esse. Talvez quem sabe.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Pulso

Desapega, desapega.
O quão simples, libertadora e difícil as ações descritas nessa frase— que é quase um mantra— podem ser de executar. Todos possuem um Norte na vida. Alguns vivem para transar, outros para amar. Há quem só para comer e também quem apenas para cozer. Na geração atual parece que muitos a fim de dormir, e, felizmente, muitos para sorrir também. 

Todos, em maior ou menor escala, possuem uma ambição que os guia entre as decisões ruins que constituem essa longa estrada chamada história pessoal. Enquanto uns remam contra a maré incessantemente, a grande maioria deixa a vida os levar. Não que lidar com o futuro seja fácil, mas deixar o passado é igualmente cruel.

As  coisas são assim naturalmente. Querem alcançar a perfeição, alguns gases já nascem nobres, outros se ligam incessantemente uns aos outros para alcançar a tão sonhada estabilidade. Que nunca chega. Um mais eletronegativo chega na parada, puxa os ións e as ligações, mexe nas covalentes, as vadias de van der walls saem com quem querem e quando querem, as apolares se fazem de santinhas, mas na pressão e temperatura certa e companhias erradas, se transformam.

O que na verdade é incrível, dessa forma fazemos eletricidade que nos deu as maravilhas de circuitos integrados que virou essa tela na qual você lê agora. Mais ainda, nos forneceu diversas comodidades como frigideiras anti aderentes que não roubam nossos omeletes porque esquecemos de botar manteiga nelas. O fato do universo ser tão dinâmico é o que faz viver valer a pena.

Perdas são necessárias para que o novo venha. Pior do que perder a casa de infância, perder o contato com aqueles que um dia já foram melhores amigos por descuido ou perder alguém querido para que ele continue sua trilha no seja lá que vier depois, é ser forçado a tomar essa decisão. Não se tem controle sobre a vida dos outros, se eles vão viajar, se eles mudaram de número, ou se brigaram com sua família, o simples fato de não poder controlar isso faz com que aceitar a perda do passado se torne menos pior. Pelo menos não foi minha culpa.

Mas se desfazer de algo por espontânea vontade. É simplesmente cruel. Um dos extremos desse caso é permitir ou não uma vacina letal no cão que acompanhou você por anos a finco. Ele já não late nem come da mesma forma que antes. A festa quando se chega em casa ainda está lá, sem mais pulos ou com toda aquela alegria, mas com olhos assíduos, embebidos em felicidade e alívio de poder estar junto ao dono por mais algum tempo.

Não só nos casos extremos, mas os pequenos abandonos diários. Jogar fora uma caneta por ela ter parado de funcionar, dar seus livros que agora parecem mais uma coleção de poeira ou as roupas que nem mais cabem em seu corpo ou estilo. É opinar entre ver aquilo que ama definhar em seus braços ou vê-lo nunca mais.

A parte boa de soltar é que abre espaço para o novo, e ele chega sempre. Novos livros ocuparão a estante, e se não forem livros, novos hobbies, experiências, aventuras. Quando perder algo, permita-se algum luto, mas o abandone quando for suficiente, nele você definha. Perca amigos, inimigos, oportunidades, roubadas e até mesmo seu Norte, mas não perca a sua força de vontade. Ela é quem faz tudo valer o suor, o tempo e a vida investida nas atividades.

Felipe Juventude

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Mais uma prova :B

Ois.
Para quem não sabe, estou na reta de novo. Sim, ENEM. Também, já tenho idade para estar me formando. Fodam-se.

Não que o ENEM seja a prova mais difícil da minha vida ou a mais importante, mas é onde eu vou puxar o extrato do meu ano. Não trabalhei, não sai (muito), não fiz nada além de cumprir minha função social de estudar. Nesse mundo louco, que tempo é dinheiro, e dinheiro é cada vez mais preciso por parte de muitos, perder um ano, da mesma forma que um repetente, é inadmissível. Nunca pensei em ser um dos mais velhos da turma até assumir o compromisso de entrar numa faculdade pública. Nenhum dos meus irmãos fez isso, acho que agora posso fazer algo inédito, mesmo sendo o caçula.

Estudei, talvez poderia ter feito mais, ou menos. Mas a verdade é essa; eu não poderia estar mais preparado. Agora, sexta, não há mais o que se fazer, além de relaxar e gozar (do Supla, Mãe). Como já disse o professor Trajano, "Deus tá vendo você mexer nesse celular"; mais que Deus (ocupado com os ebolas e gols de partidas decisivas) você viu o que você fez, o quanto você se esforçou para manter-se acordado em aulas de química e ainda aprender algo daquilo (coisa de satã).
Importante é lembrar que não importa se a prova está difícil ou fácil, o que passa é ir melhor que os outros. Manejar tempo e leitura. Deter a calma dos monges tibetanos e a agilidade do Jack Chan do desenho.

Por fim, não me perguntem. Nada. Não quero ouvir um "como foi a prova" não importa o quão bem intencionada a pessoa seja. Se chegarem com um "acertou quantas" o IBGE aponta a presença de sarcasmo e frieza na resposta. E nem "vamos sair?" quero ouvir, o som da interrogação me agoniza. Complete a frase "vamos sair, eu pago". Lindo, coeso, crítico e bem escrito, uma redação nota mil.


Não desejo mal a ninguém, o universo não é justo;
 é recíproco.
Aos familiares, amigos e desconhecidos; 
felicidades e dinheiros.
Aos milhões que farão a prova amanhã, (eu e muitos amigos inclusos);
agilidade e precisão.
Já para as inimigas...

Às inimigas vida longa.

Felipe Juventude