segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Oficialmente fechado.

Boa noite.
Estamos aqui, dia... Dez de agosto de dois mil e quinze encerrando operações. Não que eu não goste mais de escrever, mas preciso ser sincero comigo mesmo e em minhas escolhas. Vim aqui dar um glorioso fim a essa fase maravilhosa da minha vida chamada baixas expectativas. Detalhe que esse nem era o nome original do blog, o famigerado pedaços de mim.

Criei esse blog no meio do ano passado, e publiquei por meses um texto por semana até o fim do ano, quando tirei férias e ainda publiquei mais alguns vinho ao início da faculdade. Criei esse blog por um único motivo, descobri o quanto amo escrever; e escrevi mais do que esperava até. 
Crônicas, relatos, reflexões, desabafos. Ainda me impressiona a quantidade de conteúdo que consegui produzir com essa proposta ultra intimista que foi o pedaços de mim. Entre os textos tem alguns que expõem minha intimidade de tal maneira que é bem difícil você me ouvir falando sobre pessoalmente.

Não vou parar de escrever. Jamais. Mas vou reformular minha ideologia, meu modus operandi, meu raison d'être. Pedaços de mim aliado às baixas expectativas é um meio ótimo de viver, sempre dá certo. Faça o que puder, pegue o resultado mínimo, fique feliz. Mas essa é a zona de conforto. Me esforço o suficiente, chego até o fim de meus objetivos, me desespero como alguém que acabou de assistir a quinta temporada de game of Thrones (normalmente diria uma série, mas quem assistiu esse último episódio sabe do que estou falando.) e me isolo de tudo que posso até encontrar o próximo objetivo.
Isolamento.

Um jeito satisfatório, mas vazio de viver. Do ponto A para o ponto B e assim por diante. Por mim, um pouco pelos meus pais e irmãos. É só. Vazio. Não quero mais ser vazio, insosso. Sem graça. Minha mãe por muitas vezes me avisou sobre viver a idade na idade certa, e aí estou eu remoendo meus anos de vício de novo. Quero saber o que é esse tal viver, não o que as pessoas falam na rede social(parece terrível), nem os dos contos de fada($em condi$$õe$), mas o do mundo das crônicas, lindo, palpável, sofrido as vezes, mas sempre profundo. Sempre vivo.

Viver é se jogar em um abismo, no momento do nascimento começa a queda e na morte o inevitável encontro com o chão. Meu objetivo nessa metáfora é aproveitar a queda. Esperando um pouco mais de mim. Quebrando mais vezes a minha cara. Sorrindo e chorando com mais propriedade. Sendo eu mesmo, seja o dançarino das festas, o cansado da madrugada, o tranquilo durante o dia, o competitivo no baralho ou o depressivo do Twitter.
Por uma vida na qual se espere mais e melhor.
Por uma vida que mesmo que não se tenha mais nem se tenha o melhor, que ainda consiga sorrir verdadeiramente ao longo de cada dia.
Felipe Juventude
(Ou você pode chamar de Çegredo, muito mais legal)

sábado, 20 de junho de 2015

Fechado para obras

Talvez volte um dia. Foi bom escrever aqui, e ainda é.  Mas anda sendo difícil escrever. Se alguém ainda lia, me desculpe, é complicado conseguir escrever toda semana, e mesmo assim consegui essa proeza por quase um ano.
Não vou dizer que não foi bom. Foi ótimo, poder escrever o que penso e crio ao longo desse ano. Mas não estou conseguindo escrever toda semana aqui. Ando sendo uma farsa nos últimos meses. É realmente complicado não ter o celular comigo todas as horas, no começo do blog toda idéia eu anotava nele e vinha direto para cá. Era lindo, mas meu celular deu o famoso xabu, e não consegui instalar mais o blogger nele. 
Ai fica dificil manter a constança de posts. Não era mais algo que eu fazia ao longo do dia, mas sim eu preciso dedicar um tempo para isso aqui. E bem, eu também preciso estudar (sério, vou me fuder em cálculo). 
E bem, isso não é um ponto final, mas sim um ponto e virgula na história desse blog. O pedaços de mim/baixas expectativas me ajudou bastante, tanto nessa parte de escrever melhor, quanto nessa parte emocional que eu já me abri aqui com o editor de texto tantas vezes. Só não prometo mais textos todas as sextas, provbavelmente sere uma sexta sim e uma não e outra não e mais uma não (bem nesse esquema).
Não vou mais tratar esse trabalho lindo como compromisso, agora será um hobby(mais do que antes).
Espero que vocês compreendam, e continuem acompanhando os próximos textos que aparecerem aqui se inscrevendo nas parada que tem pra se inscrever ai (vou caçar uma que funcione)
Quem quiser entrar em contato a página de contato tem bastante coisa, Quem quiser me ler reclamando, o twitter tae do lado, só dar uma scrollada. 
Bom dia, boa tarde, boa noite
:3

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Molhagem

O dia está frio. Agradável, mas ainda frio. O melhor clima não tem a ver com a temperatura.
Clima tem muitas variantes. A temperatura é só, aparentemente, a mais importante. Afinal de contas, não é comum escutar pessoas falando pela rua, "nossa como o dia tá úmido hoje" ou "caramba, essa maritimidade tá de matar!" Não é assim que funciona. 

É sempre: "Caramba, que calor. Tô derretendo." ou "Que frio, de congelar os ossos!" e o que prova que quem não tá feliz reclama de qualquer coisa, fica nublado e ela já diz: "Nossa, que tempinho xôxo! Podia abrir um sol\uma chuva\uma geada\ um portal pro sétimo nível do inferno." Se você não tá feliz e não tem uma desculpa socialmente aceitável para expressar isso, pode recorrer à temperatura. É ok, todos fazem isso.

O incômodo, na verdade, não é a temperatura, mas sim o quão "molhante" o clima está. Não me entendam mal, não falo de chuva. Não só de chuva. Claro, quando se fala de algo molhante, é natural lembrar de chuva. Afinal, nada é mais molhante do que água. CAINDO DO CÉU. Mas a chuva ainda é um tempo legal, se você tem um carro ou se pode ficar em casa( de preferência deitado na cama.) O bom é que mesmo se está na chuva, uma hora você vai sair dela, e vai ficar completamente seco. Diferente daquele outro tempo. 

O verão, aquele que não te molha de fora para dentro, mas de dentro para fora. Não importa se detém um carro ou se está em casa, o calor afeta a todos. As axilas, os cabelos, as sombrancelhas e as dobrinhas do corpo. Tudo molhado, nojento e colante. O sofá, normalmente um recinto de conforto, de descanso e de paz. Torna-se um lugar infernal, o suor pula de um lado para o outro, aquele que era para ser um dos melhores lugares da casa, se torna uma enorme panela.

Pensem nisso.
E evitem piadinhas sobre meninas molhadas ao ler isso.
Feministas se enraivecem.


sexta-feira, 15 de maio de 2015

Almoço: A alternativa

O almoço é algo extremamente cotidiano no dia a dia de quase todo mundo (uma pequena ressalva para as piadinhas de humor negro que tem um fundo de verdade e você deveria ter vergonha de rir delas. Principalmente se por acaso sabe ao que me refiro).

Afinal de contas, existe uma refeição dada como diária que se encontra no período entre onze e meia da manhã (caso você seja uma pessoa na terceira idade) e 5 da tarde (se passar muito disso já é considerado janta.).

O problema não é o almoço; almoço é a solução. Não obstante, até chegar nessa maravilhosa solução, torna-se necessário enfrentar um problema: o antes do almoço. Pior ainda que o antes, também existe o pós-almoço.

Claro, pode-se resolver todos esses problemas de maneira simples, uma alternativa: comendo fora de casa. As vantagens são inúmeras, apesar de todo o resto. A primeira coisa a ser considerada é que se gastará no minimo o triplo para conseguir montar seu prato. Não falo no total, apenas "realizar o pedido" já é meia facada na carteira.

Outra coisa a se considerar é a necessidade de locomoção até o local. Ida e volta. Caso vá a pé, aguente a caminhada; se for de carro, pague o estacionamento e a gasolina; se for de ônibus vá em outro lugar. Nenhum restaurante vale a pena pegar um ônibus. Vamos usar um caso clássico, almoçar no shopping.

Agora que chegou ao shopping, precisa escolher onde comer. Esse é um problema real independente se vai sair para comer ou comer em casa, a diferença crucial é: em casa há a limitação do que se tem na geladeira e que é uma possibilidade real de se fazer (diferente daquela pedra que insistem em chamar de bife.); na rua, as possibilidades, são infinitas (isso é, se os estabelecimentos aceitarem crédito, se não aqueles que se adequam ao seu crédito são o limite.)

Exclui-se automaticamente os lugares vazios. Não devem estar vazios a toa. E a não ser que você não tenha forme, pode-se cogitar os lugares cheios, aqueles restaurantes de costelas que só não tem mais fila do que os bancos em dia de vencimento do imposto de renda.

Esses são alguns dos motivos para não se comer fora, mas essa é só uma alternativa. Qualquer dia ainda falo sobre o pré e o pós almoço com seus devidos desprazeres, mas tudo isso é muito bem recompensado. Com um bom
Almoço.



sexta-feira, 8 de maio de 2015

Ah, o verão!

O sol. 
O calor, a praia, uma cerveja gelada e mulheres gatas de biquíni. Se essa é a visão que você, caro leitor, possui de um dia ensolarado, sinto informar que está completamente equivocada. Prestem atenção ao termo COMPLETAMENTE na oração. Não tem nada de certo, pois quando é formada a frase contam-se todos os termos de forma positiva. 

Infelizmente não é todo mundo que pode no verão pegar uma praia todos os dias. Diferente do transporte público, o qual ele não só pode pegar, mas também o faz todo o dia. Pegue um trem cheio em um dia quente, o sol e o calor já estão em um lugar muito pior do que naquela primeira frase. Mas se nos dias comuns não se pode ir à praia, por quê, Ó, POR QUE ENTÃO NÃO APROVEITAR OS DIAS DE FOLGA PARA IR PEGAR UMA BOA PRAIA?

Vou esclarecer uma coisa, caso o cidadão decida passar parte significativa do final de semana (período compreendido entre sexta e segunda) na praia, isso não define o dia como um de folga. Primeiro, se o cidadão deseja conquistar o tão cotado lugar ao sol, ele deve acordar cedo. Feliz ou infelizmente, o fim de semana ou feriado é para todos, e por algum motivo estranho, todos resolvem por o plano de ir a praia nesses dias.

Mesmo saindo cedo, o transporte público vai estar cheio, o sol vai estar quente e o desodorante do cidadão à direita está em falta ou vencido. Não apenas lotado, o transporte público que de segunda a sexta carrega pessoas que detêm uma mochila no máximo e sabem como se comportar de acordo com a etiqueta secreta do transporte público. No sábado ele fica até menos cheio que nos dias comuns, mas está cheio de crianças que gritam, de tias com mil bolsas e ambulantes que tentam ganhar algo dos grupos citados anteriormente. Cada curva do ônibus as pessoas parecem que vão cair pela janela e morrer de tanto escândalo que fazem.

Ao chegar na praia, qual a visão? Muita gente. A não ser que o cidadão tenha sido uma das 50.000 sortudas que acordaram antes da alvorada para chegar na praia antes dela se tornar um formigueiro, então não se vê areia. Difícil de chegar, mais difícil ainda de se acomodar. Para se sentir confortável então? Que tal uma cerveja? Das duas uma: ou está quente ou está super cara. Afinal de contas é o Verão!  Todos querem viver um comercial de cerveja, mas quando ela chega até mãos sedentas está quente porque já foi muito vendida ou está gelada por um preço que poucos se aventuram a investir.

Já em relação às mulheres gatas por ai, elas existem. O mito do comercial de cerveja vai de novo pro caralho. As do comercial, se existem, não frequentam a mesma praia no mesmo horário que um assalariado. Em pouca quantidade estão as gatas, quase sempre acompanhadas por cães de guarda, que chamam de namorados, ou por uma horda de marmanjos que insistem em tentar a sorte pagando cervejas geladas para as moçoilas. No geral as mulheres ou são feias, ou são tias com mil e quinhentos sobrinhos alimentando todo mundo com frango assado com "farofa"( ênfase nas aspas por motivos de: procedência duvidosa dessa farofa.)

O verão não é de todo ruim, isso é se ar-condicionado for uma opção. Claro.


sexta-feira, 1 de maio de 2015

Do outro lado da Carta

Deus está naquilo tudo que não se pode ver, não se pode tocar e não se pode explicar.

Deus já foi tudo nesse mundo, já foi o chão, já foi as marés, já foi o aparecimento de moscas por mágica. Mas aos poucos essa imagem de Deus foi sendo desbotada. O chão -agora chamado de solo- já tem sua composição em uma tabela, junto a tudo que ele abraça. As marés agora não passam de magnetismo e o criacionismo foi por água abaixo faz muito tempo.

Hoje já é um pouco mais difícil encontrar algo inexplicável, anos a fio de método científico, tese contra antítese a todo momento em artigos e pesquisas que levaram a nós, a sociedade, para os incríveis confortos da vida como o uso de celulares, do micro-ondas e afins.

Mas ainda é possível representar Deus em seu mistério e significado. Quando se usa o exemplo de um caso para demonstrar a totalidade simultânea ao particular d'Ele, é fácil lembrar do gato de Schrödinger, morto e vivo ao mesmo tempo.

Mas ainda não é um bom exemplo, o gato pode estar morto, pode estar vivo, ele pode estar até em um outro estado desconhecido entre um lado e outro, todavia é só. Da mesma forma que os números naturais, ele só tem três opções, vivo, morto ou neutro. Diferente de uma carta.

Cada carta possui seu significado próprio. Cada uma conta uma história diferente, as vezes sobre raiva, as vezes sobre um caminho a tomar ou um cuidado a ter. Mas todas elas são iguais quando viradas de cabeça para baixo. Uma carta do baralho pode ser qualquer uma dentre todas as outras, pode ser todos os casos desde que esteja virada para baixo.

Deus é desta forma, quando desconhecemos sua forma, mas reconhecemos sua existência. Abre-se uma janela de possibilidades. Quando ele toma uma forma física, ou seja, se vira a carta, deixa de ser a representação de Deus, vira apenas uma mensagem, um significado. Algo que pertence a lógica que conhecemos e podemos compreender.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Célular

O celular desperta,
O celular avisa que está na hora de tomar água,
O celular descreve qual a refeição a ser tomada,
O celular mostra o lembrete dos remédios a serem tomados,
O celular calcula (e recalcula) a rota mais rápida até o trabalho,
O celular avisa do acidente e da blitz,
O celular mostra o que as pessoas fizeram nas ultimas horas,
O celular ajuda a encontrar a vaga,
O celular exibe as notícias do dia,
O celular demonstra o local apropriado para almoçar,
O celular avisa que é hora de tomar água,
O celular indica as últimas tendencias da moda,
O celular faz o intermédio para conversas (em grupo e particulares),
O celular exibe as tristezas e insatisfações,
O celular mostra para onde ir a noite,
O celular indica que já é hora de sair do trabalho,
O celular mostra a nova leva remédios e simultaneamente lembra sobre a água,
O celular mostra com quem sair a noite,
O celular dá uma trilha sonora ao lento passear do ônibus,
O celular lembra que já é hora de dormir.
O celular envia mensagens indesejadas,
O celular recebe mensagens mais indesejadas ainda,
O celular salva imagens que não deveriam existir,
O celular encontra o tàxi e o chama,
O celular paga a conta,
O celular lembra que a hora de acordar está próxima.

E ainda não sabem o porquê da bateria dO celular durar tão pouco.
Se você só segue as ordens dele fica cansado, imagina ele que até quando está dormindo, está recebendo mensagens.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Épica da Vida Real - Pegando um trem

Um dia estava a me questionar, para quê existem tantas crônicas, histórias, filmes, novelas e seriados se a vida comum do dia-dia já nos oferece mais ação do que é possível assimilar.


Por exemplo, andar de trem junto ao fluxo, não é uma aventura tão cansativa como a demanda enfrentada pela comitiva de senhor dos anéis, mas tem seu nível de fadiga. É fácil para qualquer um perceber o que torna algo tão cotidiano uma aventura: o preparo exigido pela mazela, a caminhada até a estação de trem, a longa fila para pagar tributos com o fim de começar a aventura e uma segunda fila para assumir uma posição na linha de frente da guerra. 

A partir dai as coisas ficam mais perigosas: a tensão entre se encostar ou se posicionar estrategicamente em frente aonde a porta deveria estar, os momentos que precedem a parada do trem e parecem durar dias, enquanto as portas passam e o espaço dentro dos vagões(que nos primeiros já não era muito) rareia. 

Alguns tentam lutar contra o destino de um vagão mais cheio, correndo atrás das portas como cães correm atrás de carros. Outros, normalmente mais experientes, já estão exatamente onde querem estar, veem o passar dos vagões como apenas parcelas da vida que não podem acessar por conta de um destino cruel aliado a uma má sorte, observam com pena e saudades aqueles que correm, pois são as imagens deles mesmos a muito tempo atrás.


O trem para. O tempo para. O desespero cresce nos olhos de quem corria inutilmente e também daqueles que escolheram o lugar errado para esperar. A satisfação inexiste nesse momento, Até aqueles que escolheram bem a posição, sabem que o pior está por vir. 

As portas abrem, o tempo volta a fluir. Aquele que até aquele momento fora um valioso aliado, agora é o pior inimigo. Todas as pessoas que estão fora do trem precisam estar dentro do trem, em até 10 segundos( sensação temporal de dois segundos). A diferença entre quem sabia onde esperar e quem não, é que aqueles que estavam no lugar certo já respiraram fundo, os que erraram agora exigem o máximo de seus músculos, sem respiração, não há oxigenação, os músculos começam a produzir energia através de fermentação láctica. Uma mistura de câimbra e dor abala o corpo, mas aqueles que ainda pretendem adentrar o trem possuem a mente límpida para gerir a dor e encontrar seu caminho em meio as pessoas.

Lá dentro a  situação não é muito melhor, mas esta já é outra aventura épica.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Cólera de ônibus

É definitivamente o fim dos tempos, o dólar está em alta, o funk na moda e a violência frequente. Mas esses eram apenas sinais de que o fim está a espreita, agora ficam mais claros: as coisas estudadas em física na escola agora poderiam salvar vidas. Um dos arautos do apocalipse, a linha BRT no rio de janeiro, executa sua cólera divina na população local desde suas instalação.

Primeiro ele testa o bom senso; aqueles que não o detém e usam sua faixa exclusiva (a qual deveria se chamar rota 66) como calçada ou ciclovia acabam indo ao fim primeiro.

Então ele testa a capacidade de visão da população. É impossível cuidar do próximo se a pessoa não é capaz de observar o redor e interpreta-lo. Na fase de crescimento todos escutam os dizeres sagrados: "olhe para os dois lados antes de atravessar". E o brt nem exige tanto, ele só vem de um lado. Aqueles que em uma linha reta e plana não enxergam um ônibus de porte maior que o comum e com dizeres eletrônicos acesos em led na sua fronte são convidados a vê-lo mais de perto em outro plano.

Agora o ônibus possui linhas diretas e semi-diretas, o BRT pune sem dó aqueles que são menos atenciosos com uma longa, cansativa e desnecessária viagem. Não sem motivos, ele o faz para todos que cometem tal erro aprenderem a atentar-se a detalhes menores. A morte seria uma consequência demasiada para esses que ainda tem cura.

Mas ainda existem pessoas que desafiam o misterioso e onipresente conhecimento que o BRT oferece. Essa semana testemunhei algo incrível: adolescentes que pegaram o ônibus direto e estavam sendo punidos; revoltaram-se. Pressionaram a trava de segurança. forçaram a porta do BRT. Esperaram ele diminuir a velocidade e.. Pularam. 

O BRT com a trava de segurança proporcionou uma chance para aqueles que foram desatentos tomarem seu rumo de volta, mas ele exigiu algo mais desses ousados. Conhecimento sobre física, leis de Newton, Inércia. Tudo que está em  MOVIMENTO, tende a ficar em MOVIMENTO. O menino pulou e tentou parar em pé. A partir deste momento as únicas certezas que tive foi a de que ele caiu rolando e que vinha um segundo brt logo atrás. 

Creio eu que ele tenha morrido e o BRT tenha passado sua mensagem a todos.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Gente esquisita (eu)

    Oi e sim, mais um daqueles. Caso você seja novo por aqui e não saiba do que estou falando (ou digitando, que seja) existem textos que eu não escrevo crônicas, apenas experiências e fatos da minha vida a partir da minha perspectiva. O blog é meu, publico o que quiser. Faz algum tempo que não publico nada exclusivamente nesse estilo, então vou lhes atualizar sobre o que aconteceu nesse filme b chamado minha vida nos últimos dias: passei para a faculdade, mudei de casa, moro com gente nova, tenho uma porrada de novas responsabilidades.
    Eu não sei vocês, mas eu sempre tive essa impressão de que depois de um empurrão  tudo vai mudar e então as coisas começariam a se encaixar e o mundo seria um lugar melhor. Só falta o primeiro empurrão. Quando eu entrasse na faculdade as coisas começariam lentamente a tomar o rumo certo. Se eu me mudasse para fora da casa dos meus pais seria forçado a mudar minhas atitudes. E cá estou eu, matriculado, morando longe, saindo terças e quintas.
    E não é de todo ruim, um lampejo de sociabilidade não me atingiu, eu não me tornei aquilo que chamam de membro respeitável da sociedade; ainda sou eu. Não sei dizer o que falta, mas falta. Apesar de não ser o mais novo do grupo não sou aquele que tem mais histórias, sei que parte disso se deve aos meus, eu diria, 7 anos de vício. Não acho que tenham sido sete anos jogados fora, mas parece que faltou algo. E bem, ainda agradeço bastante aos envolvidos no canal Extra Credits por fazerem os vídeos os quais me fizeram perceber aquilo que minha mãe tentou me avisar anos a fio; eu não estava vivendo. 
    Eu passei horas incalculáveis em frente a realidades fantasiosas, o que não seria problema se fosse uma opção, mas não era. Eu não tive um plano b, não era escolher entre sair com amigos para perambular pela rua ou jogar algo. Eu não tinha muitos amigos. Os grandes amigos que tenho me são queridos até hoje, e os adoro, e eles me chamavam apesar dos problemas de distância e horários incompatíveis. 
    Parece que perdi toda a minha adolescência onde eu deveria cometer meus erros e fracassos e todos diriam, ok, você era jovem. Agora eu tenho medo de tentar. Me apoio forte na minha zona de conforto social que consiste única e exclusivamente em afastar todos que me são queridos. "Prefiro não ama-los a ter de lidar com a dor de perde-los" eu repito. Acontece de maneira lenta e horrível. Ao invés do seco e doloroso fim de uma execução limpa eu matei meus amigos como afogamentos em minha memória. Um dia paramos de nos falar e então nunca mais nos falamos, como completos estranhos que um dia tiveram algo em comum, mas nenhum de nós sabe mais o que. Agora as conversas só geram silêncios constrangedores e assuntos vazios. Desculpem-me amigos, eu os abandonei. Jonatan da avenida, Victor do equipe, José do américo, Newton e Iago do ressu, Nycholas do pré, se um dia lerem isso, não me falem, não vou saber reagir.
    E mesmo agora, na faculdade, eu não sei o que fazer. Não em relação ao curso, acho certas coisas incríveis no curso apesar de ainda duvidar dá minha capacidade na hora de trabalhar. Nada que um salário não me motive. 
    Apesar de tudo eu sinto que a vida não me recebeu de volta. Hoje em dia já tenho a opção entre o viver e o jogar, mas o meu viver parece sempre superficial, nunca indo ao máximo em nada, nunca falando com ninguém sobre essas coisas, nunca me permitindo ir além com ninguém, permanecendo sozinho nessa solidão que chamo de vida. Não é um lugar de todo ruim, afinal de contas é uma zona de conforto, o problema está em tudo que eu não consigo alcançar por estar dentro dela. 
    Acho que por hoje é só. Pelo resto do mês teremos insanidade em forma de crônicas e indignidades. Caso queria acompanhar mais da minha vida bugada tem o twitter, o @SrJuventude, mas se você quer ver alguém fudido de verdade tem o @luanlovato por que nem em ser errado eu sou bom. 
Um bom dia, uma boa tarde e uma boa noite.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Tango


   O mundo girava. O corpo; dolorido. As pálpebras pesadas. Abrir os olhos tornou-se uma missão impossível para ele. Embora lhe faltasse a visão; o tato e o olfato não lhe falhavam. Estava deitado, apoiado sobre algo áspero. O cheiro era de fumaça, mas não sabia dizer o que estava queimando apesar de lhe ser estranhamente familiar.
   - Onde estou? Alguém pode me ouvir? - Perguntou, sem saber se realmente tinha alguém lá. Sem respostas verbais, algo o segurou pela cintura e o pôs de pé, enrolou algo em volta de seus tornozelos e calcanhares e o empurrou. Descobriu que conseguia andar. Seja lá para onde o estavam empurrando.
   - Olá, faz tempo que não lhe vejo - Uma voz feminina começou a falar em seu ouvido. Um tom de voz fino e suave como um vinho doce que escorre em uma garganta sedenta. - Mas você não está me vendo. O que houve? Abra os olhos.
   As pálpebras, como magia, ficaram leves, o corpo- que antes doía como se 37 facas e 2 espadas lhe perfurassem a cada respirar- estava bem e disposto. Abriu os olhos. A cena que ele viu certamente não foi agradável. Um cadafalso montado a sua frente acima de uma grande fogueira, algumas pessoas com características semelhantes em fila vestidas de branco semi conscientes, da mesma forma que ele parecia no momento anterior. Corpos pendurados no cadafalso depois de um tempo eram soltos e caiam com a leveza de um presunto em direção ao fogo. Seja lá o crime cometido, a regra parecia ser simples. Genocídio.
   Porém não encontrou a mulher. Voz tão doce não parecia sair daquele lugar, não combinava com a atmosfera fúnebre. Virou o pescoço para um lado, virou para o outro. Só via grandes homens vestidos de branco realizando a matança naquele lugar estranho. Olhou para o céu. Negro e sem estrelas. Virou-se em direção ao chão. Branco e polido. Porcelanato de boa qualidade, podia afirmar. Algo estranho para notar quando se pressente a morte.
   A ideia de morrer não lhe parecia ruim, já que não sabia nem o por quê de estar ali. É como se sua vida toda fosse um pequeno comercial de um desses "canais de música". Mais uma coisa estranha para se pensar. Música. Começou a prestar atenção na batida dos seus pés junto aos passos alheios e o dançar das chamas. E saindo de lá vinha uma mulher. Ruiva, seios não tão grandes quanto em um desenho japonês, mas num bom tamanho. Não saberia dizer se eram de verdade daquela distancia, e um olhar vazio.
   -Então finalmente me vê. Cumpriu bem sua parte do acordo. - Disse a mulher sem mover os lábios, com sua voz melodiosa que saia do nada. - Mas sua missão ainda não terminou. Precisa me conceder uma dança. - Quando disse isso, o homem se sentiu liberto, flutuando e em êxtase. Uma sensação maravilhosa que ele julgava apenas possível em sonhos ou chocolate. As batidas, as danças e as vozes tomaram forma: melodia, métrica e ritmo.
   Pegou a cintura daquela mulher que surgira. Era fria como gelo, sua mão grudara ao vestido vermelho dela devido ao frio. Começaram a dançar. Fluía com naturalidade, como se tivesse dançado aquela musica durante todos os segundos que compuseram sua ignóbil vida. Era um tango; dançavam, brigavam e se reconciliavam com os pés. Movimentos rápidos, arte e sedução. O calor se instaurava no ambiente.
   Passos rápidos, tentativas frustradas de reconciliação, meias-voltas e o calor subia. A mulher que saiu das chamas no inicio tinha uma pele fria e uma respiração penosa, agora era mais bela, quente e viva do que antes.
  Ao fim da música ela se aproximou ao ouvido do homem e sua voz reverberou:
  - Agora que tive minha ultima dança é hora de lhe pagar o que devo. - E botou sua boca sobre a dele. Era como se estivesse sugando algo de dentro dela. O fogo gerado pela dança se esvaia do ambiente e ia para ele. Se lembrou de quem era, do que fez, o porque fez e o que estava acontecendo. Deu-se por satisfeito, voltou as suas dores mundanas e como se nada tivesse acontecido, foi enforcado junto com sua horda de cadáveres.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Segura esse forninho

Se não for pra ser feliz, então para que ser?
Essa é a questão que me assombrou durante os últimos dias, semanas, meses. Não direi anos, até o ano passado(esse texto é de 2014) meu futuro era certo, minha vida era feliz, minha família me apoiava e, como em uma carreira militar, tudo estava garantido.

Mas sabe, tudo correu por água abaixo. Meus pais nunca foram ricos, nunca consegui nada da moda na hora que ainda estava na moda, mas sempre vivi confortável e feliz. A situação nunca foi muito fácil, mas enquanto vovô era vivo, o forninho era mais fácil de segurar, então você junta isso a problemas financeiros, um divórcio, filhos, mudança e boom. Você tem um pequeno retrato do que foi parte da minha vida.

Mas como eu já disse, era feliz. Para tudo havia um jeitinho. Carne nojenta enlatada? Manda refogado até essa porra ficar comestível. Arroz com o fundo queimado? Melhor que o de ontem, amanhã acertamos. Louça pra lavar? Chama o Daniel. Ah joça, ele já foi ontem, minha vez. Dificuldades, das mais simples as complexas estão ai até hoje, nos acompanhando.

Mas o meu mundo caiu. Contrai dívidas( que com jeitinho foram pagas), minha faculdade faliu, e então resolvi tomar uma decisão. Parei de deixar a vida me levar.

Ok, isso funcionou por muito tempo. No final da primeira metade do fundamental, depois de eu ter fracassado miseravelmente (graçadeus) numa prova pro colégio militar, até os dois primeiros períodos da faculdade empurrei com a barriga. E estava bem feliz com isso. Estudei pouco quase nada para passar na faetec. Passei. Estudei pouco quase nada pro tal do ENEM. Passei. Estudei um pouco mais para passar de período. Ok, lá eu já tinha um amor pelo que eu fazia, mas o futuro era nebuloso.

Tinha medo do que viria depois. O mercado de trabalho, tão promissor na área da informatica, parecia fechar as portas para mim. Toda vaga de estágio era para suporte, e todo emprego mais a frente parecia não pagar o suficiente enquanto exigiam décadas de formação pós-graduação por uma jornada levemente desumana. Talvez não fosse tudo tão ruim, mas era como eu enxergava, então realmente era minha realidade.

Mas estava tudo pronto. Era só seguir aquele caminho que a vida seria maravilhosa. Um emprego meia boca que pagasse meus hobbies, tempo para perder em frente ao computador, sair de vez em quando para tomar uma cerveja e dançar. Nada glorioso. Nada diferente do esperado, apenas um futuro comum, para um cara comum.

Mas a chance surgiu, a faculdade estava indo a falência. Era apenas uma questão de tempo e negociações. A faculdade entrou em  um ciclo vicioso de declínio por falta de serviço, quanto mais problemas eram jogados a tona, menos dinheiro entrava no final do mês, e seja lá quem tomou as rédeas estava mais interessado em encher o próprio bolso do que realizar uma boa gestão.

Foi a hora que me percebi com a zona de conforto em risco; poderia continuar lá até a hora que fosse, era bolsista mesmo, na melhor das hipóteses, a única coisa que perderia é tempo, seria só repassar a bolsa para outra instituição. Mas resolvi sair antes do circo fechar e tomei uma decisão. Botei meu futuro que era tão simples, banal e claro em cheque. Decidi que seguiria outra carreira, que enfrentaria os riscos, que entrarei em uma faculdade pública e que irei ao Canadá estudar feito uma vadia. Não abandonei velhos costumes, apesar de já ter entrado em crise com eles.

Agora o futuro é outra vez incerto, e mais uma vez me vejo feliz por isso. Agora posso ir longe, não existe mais aquela perspectiva assustadora de que ali é o fim da linha; agora é só esperar a morte.

Minha vida não é um programa militar no qual eu sigo ordens como um robô e espero ser promovido ao longo dos anos ganhando algum dinheiro e recebendo ordens e me aliviando em cima daqueles que já posso dar ordens.

E não vou terceirizar porra nenhuma. Deus, Oxalá, Doum, Thor, Odin, Shiva, Ala e o caralho a quatro deram sim apoio, suporte e ajuda, mas no final não foram eles que me fizeram sair. Não foram eles que tomaram as decisões ruins que eu tomei ao longo de toda a porra da minha vida. Não são eles que estão desesperados em busca de algum colo para fugir da realidade tão implacável que assola meu mundinho.

Sou eu. Eu que sento e estudo, eu que não vou à aula e assumo minhas responsabilidades. Eu que lido com minhas dificuldades, eu que tomo minhas decisões ruins, eu que pago o preço das ações, eu que colho os frutos, eu que como as porras dos frutos do jeito que eu quiser.

Eu que respiro, vivo, evoluo, aprendo e me jogo em direção a esse abismo que é o futuro. E se é pra se jogar em uma porra dum buraco, para no final estabacar a cara no chão e partir dessa pruma melhor, que seja do melhor jeito possível. Acompanhado de meus guias espirituais, de minha família, de meus amigos, dos desconhecidos do ônibus e de todo mundo o mais.

Porque se não for pra ser feliz, eu não quero ser. E estando no inferno, por que não dar um abraço no capeta e aproveitar o momento?

(Esse texto é de 2014, lá na metade, acabou que eu passei para a faculdade, e estou aqui agora. Morando longe de casa, dos meus pais e dos meus irmãos, longe das antigas amizades, mas ainda ""perto"" de um tio caso o mundo exploda eu tenha um lugar para correr e filar almoço no domingo. As dificuldades continuam, eu continuo me fudendo e no dia que eu programei esse texto pra ser publicado eu não sei direito o que vai rolar. Mas a parte boa é que vai rolar.)

sexta-feira, 13 de março de 2015

Blue Hair - Prólogo(Piloto #1

Remilia é uma legítima elfa da floresta, como aquelas que já não existiam no mundo de ShadowRunner. Seus pais, um Technomancer chamado Loriel e uma Decker chamada Flandre, eram elfos da floresta. Mesmo que apenas na aparência, pois a vida da mesma forma que os uniu, jogou-os aos extremos de desespero e dor, onde eles descobriram a Matrix e como opera-la com maestria. Após anos aperfeiçoando seus talentos e sobrevivendo, Flandre descobriu que estava grávida e junto com seu marido tomou uma medida drástica: terminaram todas as ordens de serviço que estavam pendentes e pararam de aceitar as novas a fim de se mudarem para uma das florestas como aquelas que eles se lembravam de suas longínquas infâncias.

Encontrar uma não foi fácil, vagaram por quilômetros sem sucesso. As cidades tomaram grandes proporções e se alastraram por muitos dos campos silvestres que antes cobriam o mundo. Após meses de caminhadas árduas e caronas suspeitas, eles encontraram um lugar no qual poderiam ter sua filha, ensina-la a viver da terra e a amar a natureza, sem que ela fosse jogada às mesmas dificuldades e condições de seus pais.

Apesar da vida, agora simples, eles continuavam realizando pequenos serviços a longa distancia. Com qualquer sinal de wi-fi a hectares de distancia seria impossível se conectar a matriz, mas Loriel não aguentou a idéia de nunca mais se conectar, e então colocou diversos repetidores ao longo do caminho. Esses repetidores foram criados por ele e sua mulher, então tinham um código de encriptação muito complexo, já que a linguagem utilizada era própria do casal, não havendo nada parecido no mundo. Isso possibilitou uma conexão ágil (apesar da distância), ao mesmo tempo que garantiu segurança de que não seriam rastreados com facilidade. Focados principalmente em trabalhos ilícitos, agora eles juntavam o dinheiro a fim de proporcionar conforto e segurança para a pequena Remilia.

Anos se passaram e Remilia cresceu; aquele pequeno ser floresceu com o passar dos anos. Os cabelos, longos, levemente cacheados e belos adquiriam uma tonalidade azul, aprendeu com os pais sobre as coisas da floresta: plantar, cuidar e colher. Como lidar com as dificuldades que uma vida natural proporciona (ex: criaturas más da floresta), sem nunca ter de enfrenta-las cara a cara. Sobre o cultivo de plantas e seus usos medicinais. No tempo livre, lia os livros antigos de seus pais em segredo. Não era permitido a ela se conectar a tal matriz, mas já tinha mais conhecimento de observação e leitura do que muitas pessoas com SIN(Cadastro Cívil).

Um dia Flandre e Loriel tomaram outra decisão drástica. Um de seus contatos os indicou para um trabalho especialmente perigoso e igualmente recompensador. Seria a última ordem de serviço; com o dinheiro poderiam criar seu próprio servidor de matriz e começar um vilarejo no meio a  floresta. Deveriam entrar em um banco de dados, roubar informações confidenciais de um grupo terrorista anti-metahumanos. Entraram com dificuldade, mas assim que entraram perceberam algo errado. Era uma armadilha e a punição pela demora ao perceber o erro foi severa. Seu sinal fora rastreado e um ataque foi executado aos seus hotsim; uma forte descarga elétrica em seus sistemas neurais e computadores. Os corpos de Loriel e Flandre estavam da mesma forma que sempre entravam na matriz, um de frente para o outro. Mas suas almas haviam partido, os olhos estavam vazios, os cérebros em curto e seus aparelhos eletrônicos levemente danificados.

Remilia ficou mais alguns meses na casa. Em estado de choque, criou um chip BTL no qual sua vida era feliz e seus pais vivos, o usava frequentemente para fugir da terrível verdade. Proporcionou um enterro digno aos seus pais. Realizou a recuperação de dados e uma varredura em todos os arquivos dos comunicadores. Viu que o sinal vinha da matriz de Seattle, provavelmente provocado por algum Decker muito habilidoso; furar a criptografia, mesmo que com "força bruta", não era uma tarefa simples. Saiu assim que se sentira preparada, sua casa na floresta já não estava segura. Sabia que era apenas uma questão de tempo até que o local fosse encontrado. Conseguiu acesso à parte das economias com os dados da varredura, também achou alguns equipamentos sobressalentes de seus pais e um nome junto com um número de identificação: Go'el.


Ao chegar  na cidade, Remilia ficou extasiada. Já tinha lido sobre a matriz e conhecia os problemas com o "barulho" que se agravavam com a distância entre o usuário e a conexão, mas não imaginava a velocidade e frequência com que os dados passavam por sua interface de RV(realidade virtual). Assim que se recuperou do choque entrou em contato com a única pessoa que tinha alguma ligação.

Go'el ficou impressionado ao atender a comunicação, era um xamã relativamente famoso no mundo dos Runnners, mas aquele número era particular e fazia pelo menos 20 anos que ninguém entrava em contato com ele por tal meio. Remilia o explicou a situação e pediu por ajuda, e Go'el como tinha grande amizade por Loriel e Flandre a explicou tudo o que podia com as informações que tinha. O ataque realizado aos amigos tinha a única intenção de mata-los pela brutalidade e força com que fora executado.

Ele aconselhou Remilia a voltar para casa. Para sua vida no campo, onde poderia ser feliz e auto-suficiente sem se sujar com as impurezas dos becos escuros e traiçoeiros de Seattle, mas os olhos dela brilhavam de ódio, um verde e o outro azul, herdados de seu pai e mãe, respectivamente. Ela disse: "Não posso voltar agora. Da mesma forma que tudo na natureza, a morte dos meus pais terá consequências."

Go'el respirou fundo e disse: "Então vou ajuda-lá em tudo que eu puder, você não é uma cidadã desta cidade, e se é vingança que busca é melhor não ser mesmo. Vou lhe apresentar aos meus irmãos e irmãs, parece que você já sabe algumas coisas sobre a Matriz e que partilha dos conhecimentos de teus pais.Terá de se mover pelas sombras, adquirir conhecimentos, armas e contatos e correr riscos inimagináveis. Está pronta para se tornar uma corredora das sombras?"

Cumpriu com sucesso suas primeiras missões, umas em grupo, outras completamente sozinha. Depois que se despediu de Go'el resolveu viver sozinha em lugares abandonados, a fim de se manter o mais longe possível de olhos suspeitos. Descobriu sobre a existência de um grupo extremista anti-metahumanos, e desconfia que eles sejam os responsáveis pelo fatídico fim de seus pais. Todos na Matriz são inimigos e todos os outros Deckers são assassinos. Por viver muito tempo na floresta, sempre anda com flores em suas roupas ou nos seus longos cabelos azuis; traz lembranças de sua casa. Entre um trabalho e outro ainda visita as lembranças de dias mais felizes e não consegue ficar muito tempo longe delas.

Remilia está começando a pegar o jeito da coisa, e não vai parar antes de encontrar os assassinos. Não os matará de imediato, pois morte é a libertação da vida, os fará sofrer antes. Da mesma forma que ela sofre todos os dias.




Er, oi, Felipe aqui, ou Çegredo. Ou Juventude, depende de como e/ou donde você me conhece( se me conhece). Se você está lendo isso, provavelmente chegou ao meu blog porque viu em algum lugar ou me conhece mesmo, e esse é um blog de crônicas, pensamentos, reflexões e agora contos. Esse não é um texto como os outros, ele não é 100% meu, diferente de todo o resto nesse blog. Ele é inspirado em um jogo de RPG de mesa, o Shadowrun: A Life in the Seattle Edge, que o lindo do Odinpower/Thomtomp me apresentou e me chamou para jogar com os amigos dele. Não sei se vocês sabem, mas um jogo de roleplay é, como um dos amigos que estava jogando junto disse, como ler um livro que está sendo escrito em tempo real com as atitudes dos jogadores e os lançamentos de dados.
Esse não é um conto sobre as aventuras do grupo como um todo, porque eu não sei os detalhes sobre os outros personagens, então não tenho como botar palavras e pensamentos na cabeça deles, então vai ser uma história com total foco no único personagem que tenho controle, ou seja o meu. Remilia, que vocês vão conhecer mais para frente ai. Não, eu não sei se os amiguinhos sabem que eu to escrevendo a história dessa perspectiva e talvez o único que descubra seja o próprio Odin, que é o mais próximo de mim. E sim, para não perder os rumos eu to gravando a porra toda em aúdio (na medida que meu pc não der pau) e tentando escrever com o meu estilo próprio da parada e gravei parte da primeira aventura (yay).
Mas o problema, como vocês provavelmente não sabem é que meus pais são separados, e na casa da minha mãe o acesso a internet é prejudicado porque lá a internet é ruim e só tem um pc para três pessoas, então não sei se vou conseguir continuar nessa mesa com os amigos e por consequência não sei se vão rolar mais que esse piloto e o próximo.
Mas se vocês gostarem/eu tiver tempo/o odin quiser eu volto a jogar e então as aventuras dessa elfinha vingativa com os cabelo zulão lindo pode continuar <3

sexta-feira, 6 de março de 2015

PF: Prato Fast

A rotina é simples. Casa, trabalho, casa, almoço, estudo e de volta à casa, em busca de minhas novelas, telejornais, vinhos, mulher, descanso e conforto. Aliás, preciso parar de ter grandes idéias. Claro, parece uma grande ideia almoçar no shopping depois do trabalho para poupar tempo. Não que eu não goste de comer fora, mas comer sozinho é– além de paradoxal tedioso.

Estou eu aqui no Shopping, a 200 metros de distância do meu trabalho. De lá ninguém almoça aqui, todos ou levam almoço de casa ou almoçam em casa. Não é um trabalho ruim, mas detesto admitir que não ganho o bastante para realizar meus pequenos prazeres cotidianos diariamente, como almoçar hot filadélfias. E realmente parecia uma grande ideia, economizar o tempo da ida até em casa, pois teremos um encontro de grupo no shopping mais tarde, então se eu fosse para casa( provavelmente) trocaria de blusa, faria um sanduíche rápido e sairia comendo ele pela rua mesmo. Ou  perderia a hora. Já entrei em um consenso com o grupo sobre como tratar atrasos maiores que 15 minutos. E se você mora numa cidade movimentada como a minha, sabe que em 15 minutos você anda 15 metros. Se andar. O transito é um inferno.

A primeira coisa que se deve considerar é onde. A medida que você cresce começa a enxergar grandes verdades que antes pareciam apenas frases, como aquela de um cantor brasileiro: "É tanta coisa no Menu, que eu não sei o que comer." Claro, existe o sentido filosófico que se encaixa em uma série de cenários e criam uma reflexão profunda sobre o sentido da vida, mas o sentido literal da frase funciona perfeitamente também. Peguei-me dando uma, duas.. três voltas pela praça de alimentação. Como a hora é de almoço a maioria das pessoas preferem pratos feitos, ou como eles chamam em lugares de renda um pouco melhor, prato executivo. É como o prato feito, só que ao invés do prato estar feito, são os ingredientes que estão feitos, sendo apenas necessário arrumar tudo em um prato.

Apesar do grande número de pessoas comendo arroz e um grelhado, o numero de lugares que parece oferecer esse tipo de serviço é um tanto quanto... limitado. Já o preço é realmente exorbitante. Não é como se alguém gastasse uma média de 30 reais por dia para almoçar. Iriamos todos a falência. Desisti de procurar por qualidade e comecei a procurar por preços, e então descobri o que realmente acontece. Todos aqueles fast-foods não convencionais que vemos por ai se transformam em restaurantes de prato feito. E junto com esses pratos (executivos e feitos) encontro uma inquestionável marca de qualidade: aprovação popular. Quero dizer: fila.

Fila é um dos jeitos mais eficazes de organizar pessoas sem ter de apelar para a lei do mais forte, isso é, se o serviço fosse realizado com a excelência, não de qualidade, mas sim de tempo. Então excluo automaticamente todas as filas muito grandes. São más opções porque além de todo o charme que qualquer fila de lotérica oferece, tenho a incrível opção de roncar enquanto espero. E se vai demorar para pedir, imagine só o quanto vai demorar para o pedido ficar pronto.

Fui parado por uma atendente de um desses Falsos FastFoods que vendem pratos feitos. Um ponto para serviço, por mais que pareça pouco, algumas palavras dirigidas a você no meio de tanta confusão significam mais do que parecem. E o refrigerante é gratis. Não é o PF mais barato do lugar, mas ganha dos incrivelmente cheios já que lá as latinhas custam 4 reais. Pus-me na fila nem tão grande. Fiz o pedido e sentei para esperar o pedido e comecei a ler um pocket.

A vantagem de ler é que se pode prestar atenção ao redor. Pessoas esperando em pé pelo pedido, enquanto amigos de trabalho comentam sobre a atendente  não que ela seja linda, mas mamilos rígidos são mamilos rígidos em qualquer lugar. E é incrível estar no meio de tanta gente e me sentir tão só. Quero dizer, quando se está com muitas pessoas,por definição não está sozinho. Isso definitivamente precisa ser revisto. Prefiro ser esse pequeno modelo observador do que acabar tendo de conversar com algum estranho sobre coisas ralas e vazias, como o tempo ou o quanto eu realmente não me importo com qualquer coisa que ele vá dizer.

Mas o que realmente incomoda é o fato de que todos. TODOS estão com as fuças enfiadas nos celulares. Não só os que, como eu, estão esperando o pedido. Pessoas ficam com seus pratos de comida, garfo e celular na mão enquanto comem. O incomodo não pelo o que eles estão fazendo, mas por como estão fazendo. Podem passar seus dias em computadores e momentos de lazer em seus celulares, mas como podem não aproveitar a maravilha que é o momento de isolamento da sociedade e paz que ele te dá.

Existe uma pequena variedade nessas pessoas, como aqueles que ao se sentar organizam a mesa de almoço para que o celular esteja em um lugar acessível, tem aqueles que não o soltam e tem aqueles que olham mais para o celular do que para o próprio prato. Eu não teria essa capacidade em mil anos. Me sinto ocupado demais enquanto como para fazer qualquer outra coisa.

O numero eletrônico acende, meu pedido está pronto. Se você me der licença, como eu disse, o almoço é um tempo sagrado de reflexão e solidão. Até mais.

Escrito por Felipe Juventude
Num passado longínquo pro meu outro blog
Revisado e Rescrito por Felipe Juventude
Esse tal de Felipe Juventude do passado é um analfabeto
Reescrever deu trabalho
:c

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Releitura, Cotidiano moderno (feminino)


Todo dia ela faz tudo sempre igual

Acorda as sete horas da manhã
Arruma os cabelos e faz um Selfie matinal
Junto à sua tapioca de maçã

Todo dia ela posta que vai "treinar"
e essas coisas que faz toda mulher
Chega na academia e tira foto antes de suar
para colocar a foto no Tinder

Todo dia ela pensa no que vai almoçar
considera um restaurante bonito e Vegan
Depois pensa em como vai compartilhar
e decide um filtro para colocar no Instagram
Seis da tarde como era de se esperar
ela acessa o App de pegação
Diz que está muito louca para beijar
e fica a procura de um mozão

Toda noite ela diz que não vai prestar
Dez da noite ela se deita no sofá
Liga o netflix para uma série acompanhar
Mas já são meia noite e ela não decidiu o que verá

Escrito por
Felipe Juventude
Para todas as mulheres
que aliaram o culto a beleza
as suas redes sociais

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Puposo

Dia X
Os peritos vasculhavam toda a casa; seja lá o que procuravam, não estava lá. Não havia sinal de arrombamento, digitais estranhas, violência. Apenas fatos; os pertences em seus devidos lugares e um corpo. O laudo do IML não tarda a chegar, a denúncia foi feita há aproximadamente 24 horas. O que justifica a tamanha importância dada ao caso pela Polícia Federal não é a identidade do sujeito que atingiu o óbito. Alfredo era relativamente importante, mas nunca esteve na mídia e nem fazia parte dela. A justificativa para a eficiência acerca do caso é um caso clássico de contatos de um dos interessados do incidente. Não é mais um assassinato, um latrocínio ou uma tentativa de reação a assalto que acaba em tragédia. Nada extraordinário, apenas incomum. Abriu o laudo e...
Asfixia..?

Dia X-1, hora Y PM
Outra vez ele não me atende. Já não sei quantas foram as chamadas perdidas ou ignoradas que já fiz nos últimos dez minutos. Tínhamos um compromisso verbo conjugado no passado mesmo. A essa hora não tem muito jeito, se depender do trânsito caótico do Rio de Janeiro não vou nem ver o buquê sendo jogado pela noiva. Não posso aparecer lá sozinha, convites de casamento são sempre valiosíssimos, se chegar lá sozinha serei fuzilada por olhares de todos que possuem ciência de que eu tinha dois convites, um para mim e outro para meu namorado. Vão olhar para mim e pensar imediatamente em alguém que poderiam ter chamado. Provavelmente vou quebrar uma perna ou duas só por culpa de olho grande.

Mas antes tarde do que nunca. Disco os números no celular e tento de novo. O telefone chama e chama. O táxi que pedi chega, dou boa noite ao motorista, falo o endereço dele, a ligação continua sem um misero "Alô" amigável no outro lado da linha, apenas o seco tom da vadia — no momento atual de stress, todas são vadias— da atendente automática me direcionando a deixar uma mensagem na caixa de mensagens em tempo recorde só para que eu pague a taxa após o sinal. 

Não quero deixar uma mensagem na caixa de mensagens, nem na de sugestões nem na caixa do caralho. Outra chamada perdida. Perdida também está minha paciência, se não tiver acontecido algo muito sério vou ligar para o meu pai — chefe da PF— e mandar ele dar uma dura no Alfredo. Ligo mais uma, duas, três vezes. O táxi chega ao destino. O trânsito parece suportável, com sorte não nos atrasaremos  para a festa. Pago o táxi e agradeço pelo serviço. Meus problemas não precisam ser descontados no tal taxista.

Digito o interfone furiosamente. No segundo chamar, vejo o Seu Paulo, senhorzinho gente boa porteiro do prédio do Alfredo. Gosta de conversar. Mas tempo de conversar não é algo que eu tenho agora. Estou com pressa. Pergunto rápido antes que ele pudesse começar a falar da filha ou do cachorro de alguém que mora em algum andar do prédio: —Boa tarde Seu Paulo, sabe se o Alfredo está?— Ele disse que sim, agradeci e fui em direção ao elevador o mais rápido e simpática possível.

Entro no elevador e sem mais delongas apertei o dez. Então o safado está em casa. Segundo andar. Aposto que largou o celular em algum canto e foi dormir um pouco. Terceiro andar. Quando digo um pouco falo de sono profundo. Quarto andar. Afinal de contas nos falamos hoje de manhã. Quinto andar. Lembrei-o do casamento, das horas, do trânsito, da importância de estar bem arrumado, — Sexto andar fomos até comprar uma roupa esporte-fino para ele, as que ele tinha eram do pai dele, —Sétimo andar estavam em cacos e não tínhamos tempo para restaurar ela. Oitavo andar. Sorte que tenho a chave do apartamento dele, — Nono andar— se não ficaria igual a uma louca apertando a campainha. Décimo andar, a porta abriu, vou em direção a porta procurando a chave. Chego em frente a porta, encontro a chave,  boto-a na porta e giro. ALFREDO SEU FILHO DA PUTA É BOM VOCÊ ESTAR PRONTO, RICO E COM UMA BELA DESCULPA, dizia enquanto abria a porta, SE NÃO VOCÊ É UM HOMEM MORTO.
...

O que Carmen encontrou foi algo desesperador. Sentiu-se culpada. Não sabia das ironias do destino, começou a chorar, ligou para o pai, a mãe dele, para os amigos, desesperou-se e continuou a chorar. Apesar de toda a tristeza ainda havia um ponto positivo em toda essa história que ela jamais perceberá pelo simples fato de ser humano. A probabilidade dela se sentir tão mal ou pior do que naquele dia por falar coisas sem pensar é mínima agora.


Dia X-1, Hora Y A.M.
Desligou o telefone. "O dia vai ser cheio", pensou calmamente. Há dez anos conhece Carmen, mas parecia que ela falava sobre o tal casamento desde o dia em que Alfredo saiu do ventre da mãe. "Alfredo, já tem uma roupa?" "Alfredo, compra um perfume novo." "Alfredo, que terno é esse? Você precisa de um novo." Mas já não faz diferença, hoje a tortura finalmente acaba para o pobre Alfredo. Ele adora festas de casamento, mas achou que só fosse ter tanto trabalho uma vez: no próprio casamento, e não toda vez que alguém for se casar. Teria que cortar o cabelo e fazer a barba antes de poder descansar até a hora da festa. Normalmente ele faria tais coisas no próprio banheiro, na paz do lar, mas tinha certeza que se fizesse algo errado Carmen jamais o perdoaria. Indo ao barbeiro tem ao menos um plano de contingência. Alguém para culpar.

Saiu calmamente de seu apartamento, desceu de escadas. Gostava de pensar nisso como "um pequeno resquício de vida saudável". Leu em alguma coluna do jornal de domingo que subir e descer escadas fazia bem ao organismo e de algum jeito ajudava a manter o fôlego, então sempre descia de escadas. Mas só sobe elevador. Subir dez andares, ou 30 lances, de escadas não é para qualquer um. Se um dia desistisse de seu emprego e virasse atleta, certamente subiria as tantas escadas todos os dias, mas enquanto não é. Só desce mesmo.

Encontrou Seu Paulo na portaria, o cumprimentou e escutou suas histórias; era um senhor sozinho. Alfredo já escutou sobre a falecida mulher, sobre os filhos e netos, já grandes e trabalhadores, mas definitivamente o hobby do Seu Paulo era comentar sobre os cãezinhos das madames que moravam no condomínio, pareciam dar mais alegria a ele do que as próprias donas, pessoas estranhas. Quando se deu conta do tempo que passou, pediu desculpas e foi em direção à rua, ainda tinha que aparar os pelos e passar numa farmácia, tinha de comprar um perfume para a ocasião, afinal de contas, sempre foi galanteador e acha que ao se arrumar mais do que Carmen espera a fará feliz.

Cortou o cabelo e aparou a barba no barbeiro. Tomou um café pingado no caminho, não é um hábito sair de manhã de casa, mas sempre que fazia isso, se aproveitava para tomar um pingado com um pão na chapa na padaria. Não era mais o café da manhã mais barato da praça e mesmo assim ainda um dos mais gostosos. Tateou os bolsos em busca de sua carteira e deu falta de algo. Tudo que era importante estava lá: sua chave e carteira. É sempre importante ter como entrar e sair de casa, ainda mais quando a consequência direta de esquecer isso é uma tarde de stress com um chaveiro cobrando órgãos internos para você poder entrar em casa. E sua carteira, abriu-a, pegou uma nota de dez e entregou à caixa, torcendo silenciosamente para receber algum troco. Enquanto esperava olhou para dentro de sua carteira, algum dinheiro, cartões de crédito, uma foto de seu amor, a identidade e...

CARALHO. CADÊ O CELULAR? Recebeu o mísero troco, agradeceu o serviço, pensou calmamente onde poderia estar o celular enquanto ia em direção ao barbeiro. Remontou seu dia enquanto perguntava se alguém havia visto seu celular na região, pensou em o quanto ia ouvir a noite por cada ligação perdida de Carmen. Respirou fundo, entrou na farmácia, comprou o perfume, um desodorante spray, um xampu colorido que parecia ser caro o suficiente para deixar seu cabelo bom. Respirou aliviado, lembrou-se de que ao sair de casa jogou o celular no sofá e se concentrou nas escadas. Sempre compra o xampu junto com o condicionador, parece ser sempre uma boa ideia, mesmo que aqueles potes se acumulem no banheiro até Carmen os levar todos para casa.

Chegou em frente ao prédio, abriu a porta, cumprimentou o Seu Paulo de novo, dessa vez sem muita paciência para conversar, o stress do celular o esgotou. Entrou no elevador, subiu os andares, destrancou a porta de casa, largou as compras em cima da bancada da cozinha, se jogou no sofá e cochilou.

O que ele não sabia é que tudo poderia dar errado e que ele dormiu um pouco mais do que o cronograma. Teve um sonho estranho e confuso, onde tinha uma multidão enfurecida gritando, mas isso não era tão estranho. Multidões enfurecidas gritam mesmo, estranho era o que elas gritavam, era como um coro polifônico de uma música de Zezé di Camargo que Alfredo até gostava, mas não era o tipo de coisa que acontecia todo dia. Abriu lentamente os olhos, seu celular tocando SEU GUARDA EU NUM SO VAGABUNDO em beeps. Carmen o ligava, o número de chamadas perdidas? Muitas.

Viu a hora, não era exatamente tarde, ainda dava tempo de se arrumar e ligar para ela. Se ligasse agora certamente seria um homem morto, preferia deixar ela mais cinco minutos desconsolada e ligar falando:"Estou no trânsito, buzino quando estiver na sua porta. A polícia tá na esquina, beijos." do que ligar agora e ter de ouvir muito enquanto se arrumaria de maneira apressada.

Está frio, fechou a janela e a porta do banheiro, ligou a água quente do banheiro e foi buscar as compras na bancada da cozinha. Entrou no banheiro e sentiu-se aquecer, o vapor já gracejava o ambiente. Pegou seu xampu e condicionador entrou debaixo do chuveiro e tomou banho. Ao fim já havia muito vapor no ambiente, não se importou, afinal de contas, isso que faz o calor de um banho quente se estender por todo o banheiro. Secou-se, pegou o desodorante novo e apertou para sentir o cheiro. Cheiro forte, encheu o ar. Tonteira, não conseguia respirar, algo estava errado, o desodorante não parava, muita fumaça no ar. Botou o desodorante de volta na pia, sentiu-se sufocado e desmaiou.

Dia Z, Cartório
Lá estavam Carmen e seu Pai, assinando o óbito do Alfredo. Em causa da morte ela não sabia o que botar. Seu pai, um homem de meia idade, chefe da PF tomou a frente da situação e como uma piada de humor negro com péssimo timing do jeito que apenas senhores de meia idade são capazes de fazer e disse: "Ponha ai Suícidio puposo, quando não há intenção de matar."

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Oi de novo

Eu sei que eu tinha escrito que ia escrever no natal e no ano novo e não escrevi. Mals ai. Na verdade porque: 1- não deu vontade e 2- nem inspiração. Desculpe de novo.

Também sei que eu falei que tava de férias e meus próximos vídeos textos só depois do carnaval e to publicando esse aqui hoje. Na verdade comecei a escrever muito antes, mas só vou publicar hoje mesmo. Por vários motivos.

Vou mudar um pouco o estilo dos textos do blog. Esses textos de "auto-ajuda" e "auto-conhecimento" são ótimos de escrever, mas preciso de um pouco mais de ação na minha vida para ter o de escrever e o que tem acontecido na minha vida não envolve ação.

Transitar entre as casas dos meus pais, sair com os amigos de vez em quando, quilos de jogatina on-line e off-line(umas 80 horas e contando só de persona 4 golden), xingar o lindo do meu irmão e rir a toa com a linda da minha irmã. Nada contra, adoro esse período de "férias". E agora posso tirar as aspas da palavra férias, já que finalmente acho que vou ter algo pra fazer quando acabar esse período. Isso vou saber só quando publicar esse texto mesmo.

De vez em nunca vou a praia, de vez em quando ligo o ar e sempre que possível dou um tchibum na piscina. Voltei a ler o senhor dos anéis na falta do Silmarillon e do Hobbit, não terminei de ler a Anne Frank; apesar do valor histórico e de toda a tensão e problemas envolvidos na trama, é meio chato. São pessoas normais, o começo é bem irritante para a falar a verdade, não sei dizer o mesmo do meio e fim.

Mas eu me pus a pensar outro dia na livraria, folheando os livros. Gosto de crônicas, historinhas e contos. Adoro ler Veríssimo nO Globo domingo, Martha Medeiros junto na revista Rio, as belas crônicas da Cindy Dafolvo no Disk Chocolate e se um dia me mudar para São Paulo de certo vou descobrir onde o Gregório Duvivier e o Antônio Prata publicam suas colunas e vou comprar a revista ou jornal completos e vou ler nem que sejam as colunas.

Então lembrei do meu blog. Gosto de escrever. Mas poucos, quase nenhum, dos meus textos saem no modelo crônica que eu gosto. A verdade é toda essa. Vou continuar escrevendo toda semana depois do carnaval, mas essa vai ser a "season 2" dos pedaços de mim, mais crônicas. Espero que vocês gostem. Vou continuar escrevendo meus outros textos, mas vou tentar diminuir a quantidade deles. E quem sabe um dia não lanço um livro ou vendo meu corpo.

(Adoro terminar frases de jeito inesperado)

Também me bateu um certo desespero com minha saúde. Nunca me importei em ser ~gordinho~ e continuo a não me importar, mas sei lá. Tive um surto de eu preciso malhar que pretendo corresponder as expectativas mês que vem, mas vamo ver o que vai dar.

E por último e DEFINITIVAMENTE mais importante eu queria agradecer. Mas isso eu vou fazer no dia que eu for publicar o texto. Obrigado pela atenção, mas o texto deve continuar ai em baixo.

Olár, de novo. Ando com a mania de botar um R ao final dos meus cumprimentos, não sei o porquê, apenas acho estranhamente divertido. Sem mais delongas queria agradecer por esse ano de 2014.
Queria agradecer primeiro a mim mesmo, por continuar a ser essa pessoa (adjetive) que sou, e me dar melhor comigo mesmo, o que é ótimo.  E ao mesmo tempo que me agradeço num ato extremamente narcisista, agradeço ao universo.
Nah, nada de Deus, todo poderoso sentado no seu trono em meio as nuvens com um checklist da galerinha em mãos, agradeço ao Universo. Universo que botou pessoas maravilhosas para me ajudar a trilhar esse tal de ~meu caminho~, meus pais, minha madrasta e meus irmãos. Sem esquecer dos inúmeros tios, tias, avôs, avós, primos, primas e agregados que fazem essa minha vida tão mais feliz de se viver. E especialmente queria agradecer ao Universo por esse ano incrível que foi 2014.

A começar por mim mesmo, me cruzei, me cumprimentei, passei a conversar mais comigo e a tentar me entender mais. Nada demais, eu diria, mas bem divertido também, afinal de contas esse projeto não existiria se não fosse por essa pequena faceta da minha loucura. E também as pessoas que o Universo jogou no meu caminho, bons mestres e grandes amigos.

Como não citar os muitos professores que lecionaram a uma turma de pré-vestibular durante todo o ano? Professores incríveis, mestres em suas áreas, com o dom de transmitir o conhecimento para os seres que mais resistem a ele, como eu. E como não falar dos amigos que fiz, joviais, todos eles. Que me apoiaram, que me fizeram rir, que me ajudaram a seguir em frente, a correr atrás de ônibus, a sair de casa sexta a noite e também a chegar em casa todos os dias a noite, a repartir uma batata frita no caminho ao ponto e ao não me negar um abraço em momentos precisos e em momentos as vezes nem tão precisos assim.

E estaria sendo injusto se só falasse desses ai, pois fiz muitos amigos esse ano. Amigos de internet como muitos diriam, companheiros de aventura, como alguns dos próprios poderiam se referir a si. Um mar de recalcadas, dois ou três diriam. Tardes inteiras em frente ao computador digitando com essa gente louca, conversando pelo raidcall, salvando azeroth dos maiores perigos todas as semanas para ajudar os novatos ou alguém que estava em uma jornada por uma arma épica. A melhor parte dos MMOs é e para sempre será a parte do multiplayer.

Adoro dizer a todos que tenho amigos em minas, em são paulo, em goias e até alguns fãs enrustidos e recalcados espalhados por ai. Meu ano de 2014 não seria metade do que foi se não fosse por tais Corujas. E também seria mais terrível do que gosto de admitir se a menina estranha e desinibida do ônibus não tivesse me apresentado aos outros do Equipe, pessoas tão divertidas que até agora não sei dizer se gostaram ou não de ter a imagem que tinham de mim FRAGMENTADA EM ZILHÕES DE PEDACINHOS. Agradeço também em especial à minha professora de Redação particular, não que as do curso fossem menos boas, muito pelo contrário, mas alguém que tivesse um tempo dedicado para sentar-se ao meu lado e me re-ensinar a escrever com os minuciosos detalhes, atenciosa a todos os erros para esclarecê-los de como eles se formaram e no que eles poderiam se transformar com a minha própria opinião merece minha mais profunda gratidão.
Afinal de contas, parte relevante desse site eu devo a ela.

E bem, tudo está bem quando tem continuidade, meus amigos alguns passaram e outros vão tentar novamente, e os que acharam necessário seguiram em frente sem medo das represálias. Eu, que passei para duas faculdades nesse início de ano, não tenho nada a reclamar sobre os resultados dos esforços empreendidos na jornada.
Agora é:
Erguer a cabeça, pois já cansei de esperar alguém para mudar a minha vida e resolvi fazê-lo eu mesmo.
Quebrei as paredes da minha zona de conforto, tendo o Adeus como grito de guerra.
Parto para recuperar o meu amanhã, cheio de desafios e incertezas.
Tendo como única certeza de que não ficará
mais fácil.
Por: Um pouco mais de eu
Fim inspirado em Take Back Tomorrow da banda Goldfish
O resto do texto, é só
mais um
pouco de
Eu.
Em prosa e sangue e emoção