sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Pav(l)o(v)[r]

Todos temos medo. É natural, precisamos lidar com isso, convivendo ou superando. Ele é instintivo, animal, visceral. Tão decisivo e importante para a perpetuação de uma espécie quanto a reprodução. Afinal a chance de sobrevivência é maior quando se corre do que pode te matar.

Medos simples e as vezes até infundados. O escuro, insetos, chuva; não estão ali a toa, essas medos são criados por uma memória, como o medo de pisar em poças; a sensação de ter a meia molhada é terrível. Algumas vezes não é nem de uma memória tão ruim. Ninguém realmente tem medo de baratas, são artrópodes como todos os outros, mas sem transportar sete mil tipos de doença mortais; do contrário, os mosquitos, por exemplo.

E mesmo assim não conheço ninguém que tenha medo de mosquitos, mas uma barata voadora aparece; consequentemente toda testosterona do ambiente é liquidada junto com qualquer sinal de masculinidade, e todos gritam como vadias até o animal ser morto. A barata nunca fez mal a ninguém, mas a memória dos parentes gritando é tão forte, que as pessoas tem medo. Esses medos nos atingem, e somos obrigados a lidar com eles. Alguns não nos impedem de crescer na vida, conseguimos evita-los. Claro, superar um medo é abrir um leque infinito de possibilidades. Mas particularmente não vejo tantas vantagens nisso em relação aos insetos.

O problema é que não existe apenas esse tipo de medo. Existem aqueles que negam o desenvolvimento da podia como humano. O medo de conversar com estranhos, suplantados por nossos pais e tão difundido entre alguns adolescentes. O medo de falar em público travestido de timidez que impede a tantos conseguir novos amigos, novos empregos, novas oportunidades comprometendo tantos outros setores da vida.

Tem aquele outro tão comum a sociedade. O de arriscar, mudar, fazer. Muitas pessoas vivem infelizes, de acordo com os respectivos facebooks, claro. O emprego, o ônibus, o trânsito, a casa, o filho da puta que não faz nada para ajudar a porra do dia que já não está bom. Tudo se torna motivo para se vitimizar, mostrar a todos seu estado deplorável. A questão é: todos se sentem tão seguros em suas condições que tem medo de mudar. Sentem medo de não ter o que comer, da vida os destruir como fez a um fulano conhecido de um conhecido seu. E continuam suas vidas de vítima, reclamando de tudo sem nunca tentar resolver nada. Somos covardes.

O medo é um filho da puta. Nos prende, paralisa, cria uma barreira intransponível. Transformar essa barreira em caminho é o que nos diferencia dos outros animais. O medo e a coragem de continuar, de descobrir algo novo, de se tornar dinâmico em relação ao universo são os responsáveis por todos os avanços da humanidade, tanto no sentido singular, quanto no comunitário.

Felipe Juventude

Nenhum comentário: